Mais um relato de cirurgia de uma leitora

Tenho 36 anos e tenho joanete desde criança e sempre doeu (muito). Quando eu era pequena colocava o dedão no lugar usando meia, faixa, o que tivesse. Sempre que chegava em casa e tirava o sapato (baixo, largo), sentia uma forte dor e uma vontade de arrancar aquela coisa de lá.

ANTES
02/12/10: consulta com o médico
Como eu já sabia, meu caso é cirúrgico (pé esquerdo). O médico explica que é uma das cirurgias mais simples da ortopedia, 1h30min de operação e um dia de internação. A anestesia é a raqui com sedação.
Serão 45 dias sem pisar no chão sendo os primeiros 15 de repouso total. Salto alto só depois de 6 meses! (apesar que já não uso pois dói demais).

Agendei a cirurgia pro fim de janeiro, depois das férias do médico. Foi péssimo ter agendado com tanta antecedência, fiquei sofrendo, perdi o sono, imaginava a dor e ouvia histórias terríveis de pessoas próximas a mim (que tinham ouvido falar do pós operatório, ninguém conhecia de fato alguém que tivesse operado).

25/01/11: véspera da cirurgia
Sofri tanto que na véspera até estava calma. Li muito sobre o assunto na internet e o blog Os Pés me ajudou a ter a certeza que mesmo com um pós operatório difícil, VALIA A PENA operar o pé que dói.
Também perguntei pro meu marido se ele achava loucura o que eu ia fazer. Ele disse: “Você diz que quer fazer essa cirurgia há anos. Te incomoda tanto que você está disposta a passar por isso.” Acabei ficando mais confiante.
Tirei foto, olhei pro meu pé muitas vezes, mexi, me despedi dele. Queria registrar bem o “antes” na minha cabeça.

DURANTE

26/01/11: dia da cirurgia
Em jejum desde a noite anterior, tomei um bom banho, me arrumei e fui bem cedo pro hospital. Lá demorou umas 2 horas desde a internação até o anestesista aparecer. Ele explicou: a raqui é a melhor anestesia pois garante total relaxamento da região e tem um efeito mais prolongado que as demais anestesias (como a geral por exemplo). Isso ajuda muito nas primeiras 24hs, quando ocorre a pior dor do pós operatório. Ele disse que eu tomaria um calmantezinho no quarto e lá no centro cirúrgico seria sedada e receberia a raqui na coluna. Também falou que a famosa dor de cabeça da raqui ocorre em 0,2% dos casos atualmente e é mais comum em cesáreas. Eu nunca tinha tomado pois meus 2 partos foram normais, com peridural.

Pus a camisola ridícula de hospital. Pq ficar pelada se a cirurgia é no pé??? (deve ser por causa de contaminação, não sei).
Quando chegou a maca lá pelas 10hs, entrei em pânico. Chorei um pouco e pedi apoio pro meu marido, que falou o tradicional “vai dar tudo certo” e me abraçou. Era isso e o Dormonid que tomei no bumbum, que eu precisava.
No centro cirúrgico brinquei com o medico: “Ninguém marcou qual é o pé, não vai operar o pé direito errado, hein”. Ele respondeu: “Não se preocupe, o esquerdo é bem mais deformado”. Simpatia ou franqueza de médico, não sei.
Colocaram o acesso, tomei o sedativo na veia e não vi mais nada.

Acordei um tempo depois na sala de recuperação com uma enfermeira falando alguma coisa comigo. Eu estava sem a camisola, enrolada em lençol, com umas coisas grudadas no meu peito (aqueles monitores cardíacos e etc.). Não sentia nenhuma dor e a coisa mais estranha era não sentir a bunda.

Fiquei lá um tempo e fui pro quarto umas 16hs.

Tomei antibiótico, antiinflamatório e dipirona pra dor. Mas não estava com nenhuma dor, nada. Comi, fui ao banheiro.

A noite não consegui dormir nada. O pé Latejava e pedi um Tramal. Não adiantou e aí entendi que o pé inchou um pouco e a atadura ficou apertada. A enfermeira afrouxou a atadura e aliviou muito (foto). Mas a posição de barriga pra cima, o medo de mexer o pé e as entradas das enfermeiras pra dar remédio não me deixaram pregar o olho na primeira noite. Foi ruim, mas beeeeem menos dolorido do que imaginei que seria.

DEPOIS
27/01/11: 1º dia de pé novo
O médico só apareceu hoje. Olhou, trocou a atadura, me deu alta e instruções:

1. Pé sempre elevado acima do coração. Não elevar muito pois pode faltar sangue.
2. Pode e deve mexer o pé e dos dedos. Ajuda na circulação.
3. Só levantar para ir ao banheiro.
4. Usar sandália de barouk mas o melhor é muleta para não apoiar nem o calcanhar.
5. Não molhar nem abrir o curativo. Corre risco de infecção.
6. Não precisa mais tomar antibiótico. Só antiinflamatório e um remédio leve pra dor (Lisador) no horário prescrito, não precisará de mais que isso.
7. Voltar em 1 semana pra trocar o curativo.



Também explicou que cortou em três lugares: entre dedão e 2º dedo para cortar o tendão de puxa o dedão, no joanete em si e no osso metatarso para corrigir a angulação pois essa é a causa do problema. No metatarso ele colocou uma placa e parafusos para ajudar na posição e calcificação. Não sabia ao certo a quantidade de pontos, uns 10.

Achei interessante quando ele contou que quando acabou o procedimento eles aplicaram anestesia local no pé, para conter a dor quando eu acordasse. Ele disse que é mais fácil evitara a dor do que tratar a dor que já se instalou. Parece ter funcionado, já que eu não sentia nada alem do incomodo da atadura entre o dedão e o 2º dedo, que é o que faz o dedão ficar no lugar certo e não onde ele está acostumado.

Fui de cadeira de rodas até o carro e deitei no banco de traz. Em casa já estavam as muletas que usei para entrar e subi a escada de bunda. Tudo certo. Sem dor, só um pouco quando colocava o pé para baixo para ir ao banheiro e dava pra sentir o sangue descendo pro pé.

28/01/11: 2º dia
Comprei um banquinho de plástico para tomar banho de chuveiro dentro da banheira do meu banheiro.

Também já tinha comprado um plástico próprio pra proteger o pé/perna no banho, que vem com uma tira para fechar, bem prático. Achei numa loja de equipamentos médicos na Borges Lagoa.

Graças a deus tenho uma empregada maravilhosa que me traz comida na cama, estou passando bem!

Arrumei o criado mudo ao meu lado com tudo o que preciso: copo d’água, celular, controle da TV, revistas, remédios, pente, até alicate de cutícula, pinça e espelhinho! Também instalei um ar condicionado no meu quarto que me tornou ma pessoa privilegiada nesse verão terrível.

31/01/11: 5º dia
Tirei uma foto pra mostrar meu pé pra vocês. Está inchado mas não incomoda nem dói. Quando lembro coloco compressa gelada.

Hoje acordei com uma super enxaqueca, talvez pelos remédios que por isso não tomei hoje.
Tenho dormido bastante, leio muito, vejo TV e coisas interessantes no You Tube. Nada como o ócio criativo!
Vou relatando a evolução do meu novo pé aqui pra vocês. Por enquanto a minha experiência tem sido muito positiva e nada traumática. Estou feliz!


Antes

Antes
Depois da cirurgia

6 comentários:

Anne disse...

Que maravilha de relato!Cheguei a este blog por acaso, pois preciso operar mas morro de medo porém, pude ver que não sou a única!!Obrigda por compartilhar!

livina disse...

FIZ A MESMA CIRURGIA Q/ VC E DEPOIS SENTI COCEIRAS NO TORNOZELO E AGORA ESTÁ CAMINHANDO PELA PERNA TODA VC TAMBÉM TEVE ISTO OU SERÁ Q/ TIVE ALERGIA DA ANESTESIA?

Anônimo disse...

fiz a mesma cirurgia q/ vc e depois comecei a sentir coceiras no tornozelo agora esta caminhando pela perna toda rerá alergia anestesia ou vc também teve isto/

Anônimo disse...

Fiz a cirurgia de joanetes, com a nova técnica percutânea, miniinvasiva, é sem cortes, sem placas, sem parafusos e sem SOFRIMENTO! Fiz a cirurgia há 3 anos com Dr.Bernard Meyer em Porto Alegre. Estou feliz e de bem com meu pé novamente!!!

Brysa disse...

Eu fiz cirurgia pericutanea ( só com 3 furinhos ) nos dois pés ao mesmo tempo. Os meus joanetes também estavam ainda num estado simples mas eu notava que por vezes havia uma dorminhão leve e os pés tinham tendência a ficar dormentes dentro de botas. Não tenho por hábito usar sapatos de salto alto, os meus joanetes são hereditários.Também não tive dores no pós operatório, mas segui à risca todas as instruções do médico e tomei os medicamentos. Passados 12 dias tirei as ligaduras ( até aí não podia molhar os pés) e agora tenho de andar 30 dias com um carreto ( separador) entre o dedo grande e o segundo dedo.
Aconselho toda a gente a não adiar esta operação porque quanto mais tempo passa mais complicado fica e os nossos pés merecem a nossa atenção pois suportam todo o nosso peso.

Anônimo disse...

Quanto tempo de cirurgia? O sintoma ainda persiste?